quinta-feira, setembro 08, 2005

a importância do gesto

Sinto, por vezes, que o caminho que percorro poderia ser mais largo.
Sinto-me limitado por passeios invisíveis, nos quais crescem ervas daninhas que chupam o crescimento de outras plantas. Sinto uma necessidade de as arrancar, de espetar as unhas e sentir o seu suco percorrer os meus dedos embebidos em suor que se liberta das glândulas sudoríparas. Sinto prazer nisso. Sinto que se limpar os passeios consigo olhar mais longe, mais perto, consigo olhar mais.
É uma necessidade que percorre o meu corpo e me perfura as entranhas. Eu sinto-o. Sinto as veias a dilatar de forma absurda. O sangue que as percorre é efervescente e eu oiço-o borbulhar.
Todo este sistema activa o meu cérebro e este responde de forma inconsciente. Sinto os impulsos eléctricos que percorrem os neurónios. Neste momento são criadas ideias novas, mas maduras, que fazem com que o mundo ande mais devagar para que eu possa visualizar todos os pormenores que me rodeiam. É também criada uma força cinética, que permite transformar os meus músculos congelados em movimentos quentes. Aplico esta força nas ervas daninhas e puxo-as até conseguir arranca-las. Depois, com a mão que as agarra erguida diante dos meus olhos, observo-as cuidadosamente, catalogando-as consoante a força que utilizei para as remover. No final, olho em meu redor e sinto. Não sei bem o que sinto, mas sinto algo.Isto dá-me prazer. Isto deixa-me ver mais longe, mais perto, ver mais.